Será preciso explicar a Ana Gomes o que é a democracia?
Fevereiro 07, 2021
Sérgio Guerreiro
Não ganhou as presidenciais , mas como prometeu fazer caso fosse eleita Presidente da República em que iria de imediato tentar ilegalizar o Partido Chega, não ganhando depressa cumpriu a promessa como se tivesse ganho. Ana Gomes, sempre defensora da liberdade e da democracia, não consegue entender o que ela própria defende. O mesmo é dizer que , a ex candidata presidencial, não aceita as regras da democracia.
Num Estado de Direito Democrático, a democracia não é exclusividade de ninguém. É de todos e para todos. Poderá ser um paradoxo afirmar que no sistema democrático cabem mesmo os anti - democratas, mas é pelo no exercício do voto livre do povo, que será só ele quem ditará as regras deste jogo. No final da partida, o resultado, agrandando ou não, terá que ser respeitado. Atrevo-me mesmo a arguir que, o princípio basilar da democracia, é e sempre será, o respeito pela ideologia diferente e pelas escolhas de cada um.
Tentar ilegalizar um partido político constituído legalmente por um regime de regras democráticas, é a antítese dos princípios que Ana Gomes defende.
Com esta ideia peregrina ou de teimosia política da ex candidata, a própria está a contribuir, para uma guerra que não conseguiu combater nas eleições a que se sujeitou, convencida de que a margem que a separaria de André Ventura seria muito maior. Não o foi, e ao pedir à PGR que trate do “ dossier- ilegalizar o Partido Chega”, Ana Gomes sabe que muito dificilmente conseguirá ver os seus anseios a chegarem a bom porto.
Quando as entidades e os órgãos de soberania se pronunciarem sobre a sua proposta , saíra de tudo isto um Chega mais forte com a ajuda de uma socialista que não mediu estupidamente o seu erro.
Em democracia, cabe ao opositor o combate das ideias no debate e no espaço público com dados claros e objectivos, informando os eleitores com factos e com a verdade das suas propostas. Cada um por si, avaliará e decidirá de acordo com as suas convicções.
Em democracia, há a liberdade de se gostar ou não. De concordar ou não. E não podemos utilizar a expressão “ Estado de Direito Democrático” só porque fica bem e é bonita. É preciso respeitar as decisões dos órgãos de soberania e das instituições. Isto é a plena democracia a funcionar, quer se goste ou não dela.
Haverá agora, por parte dos órgãos próprios, alguma hipótese de responderem favoravelmente ao pedido de Ana Gomes ?
Há. Muito remotamente mas há, porém, com quase total certeza que, isso não acontecerá. Perde Ana Gomes e ganhará como sempre o verdadeiro Estado de Direito Democrático que não se deixa levar por uma estupida questão.