O dia da reflexão que não serve para nada.
Setembro 25, 2021
Sérgio Guerreiro
Hoje, arcaicamente, ainda se vive sobre uma imposição legal que impede que toda a comunicação social bem como todos cidadãos envolvidos em eleições possam em plena liberdade exercer, no que toca ao discurso e ao argumento político, qualquer ação publica que possa influenciar o cidadão votante.
No entanto, com a continuada obrigação da existência do dia da reflexão, parece não haver ainda por parte do legislador a sensação que a maturidade eleitoral dos Portugueses já está mais que consolidada.
Historicamente, este dia, com algum sentido sociológico e político, é implementado numa altura em que Portugal vivia um período conturbado e agitado com as suas primeiras eleições livres.
Ao mesmo tempo em que, em todas eleições se tem normaliza o voto antecipado é possível que este dia, já não tenha qualquer razão de existir. Isto é, se o dia da reflexão que impede todos os agentes políticos e toda a comunicação social para que em teoria os eleitores possam ter um dia sem campanha ou influências e o aproveitem para, como o próprio nome indica, refletir sobre o seu sentido de voto, então impõe-se a pergunta: que sentido faz, ainda termos um dia de reflexão com todas as proibições a ela inerentes mas que simultaneamente se possa exercer o voto antecipado em plena campanha eleitoral ?
Dito de uma outra forma: o dia da reflexão, só existe caso o eleitor exerça o seu direito de voto no dia designado para tal. Para quem o faz antecipadamente, o dia da reflexão não serve para coisa nenhuma. Talvez, e a bem da verdade se possa afirmar, que este dia não serve mesmo a ninguém como não serve para coisa nenhuma.