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Melhor Política

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Um país a perder tempo com um treinador de futebol.

Dezembro 29, 2021

Sérgio Guerreiro

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A saída de Jorge Jesus como treinador do Sport Lisboa e Benfica, “paralisou” o país. A notícia é capa de jornais, abertura de noticiário em horário nobre e vários foram os comentadores desportivos que se apressaram a analisar as causas da saída de JJ.

Confesso-vos: a meio da tarde, pedi no escritório para desligar a televisão na sala de espera; e não valia a pena mudar de canal, todas as televisões nacionais “ debatiam” o assunto “Jorge Jesus.”

 

Será assim tão importante para o país o tema de uma mera rescisão contratual por mútuo acordo num clube de futebol para que seja assunto do dia? Ou de dias talvez.

 

Sabemos que o mundo da “bola” move grandes paixões e movimenta milhões, mas creio, que se está dar demasiada importância a um assunto que não o é, e isto diz muito do nosso país e da própria função da comunicação social que nos vai “entretendo” com diretos à porta dos locais de treino interrompendo notícias sobre a evolução do estado da pandemia e outras questões que possam realmente ter interesse colectivo.

 

Recuemos, sobre esta matéria, (a importância de um treinador de futebol ) quatorze anos no tempo.

 

Em setembro de 2007, o antigo primeiro ministro, Pedro Santana Lopes, tinha sido convidado pela SIC Notícias para comentar o estado do PSD até ao momento em que foi interrompido para um direto que acompanhava a chegada de José Mourinho a Portugal. No reatamento da conversa, Santa Lopes decidiu que não tinha mais condições para continuar e saiu.

 

“Eu vim com sacrifício pessoal e sou interrompido por causa da chegada de um treinador de futebol… Acho que o país está doido. Não vou continuar a entrevista, acho que as pessoas têm de aprender”, disse Santana Lopes

 

Na verdade, quatorze anos depois, tudo de mantém na mesma.

 

O país continua perder tempo com assuntos que não são verdadeiramente coisa nenhuma e nós somos “bombardeados” até à exaustão como se de uma catástrofe nacional tivesse acontecido.

 

Um país em que os telejornais abrem com a notícia de uma rescisão de um contrato de trabalho entre um treinador e um clube de futebol, não pode ser levado a sério e a comunicação social que tem aqui o papel mais importante de todos deverá repensar a utilidade da informação que é dada.

 

Informar sobre resultados, sobre os negócios escuros em que o mundo da bola está mergulhado e como o seu poder pode influenciar em grande parte a sociedade, é e deve ser totalmente aceitável que sejamos informados mas tudo isto é totalmente desnecessário.

Vamos lá de uma vez por todas dar importância às coisas que realmente são importantes e que nos deve manter o foco naquilo que temos pela frente.

 

E o que temos pela frente é um país onde todos vivemos que precisa que lhe falem sobre o aumento generalizado de preços que os portugueses irão pagar pelos serviços que usam no dia-a-dia, desde a eletricidade, passando pelos transportes e portagens e telecomunicações, até às rendas.

O que temos pela frente é saber como podemos mudar o curso de uma nação que não prospera, que não cresce e que vai ficando cada vez mais longe do horizonte da esperança.

O que temos pela frente é combater um socialismo que nos vai empobrecendo dia-a-dia.

 

Que me desculpem, mas os assuntos do Benfica, do Sporting ou do Porto, só interessam aos seus adeptos e não ao país real onde todos os dias milhares de pessoas acordam para ir trabalhar sem saberem até quando, onde aumenta a pobreza e as pessoas sem tecto para viver.

O que realmente interessa, é reflectir se discutir durante um dia inteiro a saída de Jorge Jesus, é mesmo importante para o desenvolvimento do país.



 

 

Quando o ódio veste uma farda.

Dezembro 20, 2021

Sérgio Guerreiro

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As recentes imagens televisivas que foram amplamente divulgadas sobre a cobardia de sete elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR) ao se filmarem num acto de autocondenação, humilhando e agredindo, imigrantes por mera diversão, chocaram o país e talvez, as gravações fossem também para mais tarde recordar.

A sociedade portuguesa que ficou de certa forma incrédula com estes actos bárbaros, assistiu ao pior que o ser humano pode revelar de si mesmo, e quando tudo isto veste uma farda em nome do Estado Português, todos devemos sentir vergonha.

As imagens difundidas foram de facto, serviço público. Todos nós devemos ter a consciência daquilo que se passou em Odemira . E sim, era preciso saber-se disto, era preciso ver-se isto. Por mais que possa doer, levamos todos um grande murro no estômago e ainda bem.

 

Não abano aqui  a bandeira do populismo que muitos já agitam dizendo que temos um problema de racismo nas forças de segurança querendo fazer deste assunto um mero jogo político de forma totalmente irresponsável. Estes cobardes homens fazem infelizmente parte de uma força de segurança composta por cerca de 20 mil homens e mulheres que não se podem confundir com uma minoria racista e acéfala que infelizmente ainda por cá prolifera.

Não considerando Portugal um país racista ou xenófobo, o certo é que temos aqui um problema que todos viram e que ninguém pode assobiar para o lado, isto é, não se poderá fingir que nada se passou.

 

As imagens não mentem. São de tal maneira claras  e explícitas que fica difícil argumentar com a “ capa” da

teoria da presunção de inocência.

Estes sete elementos da GNR, vestindo uma farda em nome de todos nós e em representação do nosso Estado, serão levados à justiça e serão exemplarmente punidos.

No entanto há uma pergunta à qual o executivo nos deve responder:

tendo sido aprovado em março “Plano de Prevenção de Manifestações de Discriminação nas Forças e Serviços de Segurança”, este plano tem como objetivo combater a discriminação na polícia onde é assegurado a presença de um “ Oficial de Direitos Humanos “.

Já podemos saber quantos oficiais há nesta categoria e onde estão ?

O mesmo documento compromete-se a definir e reforçar critérios de avaliação de candidatos de forma a despistar atitudes, comportamentos, traços e características de personalidade que tendem a  distanciar-se dos valores inerentes ao Estado de direito e à defesa dos direitos humanos.

 

Tudo isto está a ser implementado?

 

Mas por agora só se pode  exigir que se faça a tão acostumada justiça em nome de um povo que não pode mais tolerar actos semelhantes a estes que assistimos.

Rui Rio: alguém que lhe tire a internet das mãos.

Dezembro 14, 2021

Sérgio Guerreiro

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O recém reeleito líder do PSD, Rui Rio não nos pára de surpreender. Da purga feita nas listas de candidatos a deputados ao parlamento nas próximas eleições legislativas, passando pelo “ciúme” que tem da comunicação social quando esta nos dá conta de uma das maiores importantes detenções de um português foragido à justiça, Rui Rio, como adjectivou Marcelo Rebelo de Sousa é na verdade um ignorante em matérias que envolvam aspetos criminais. “É não conhecer o que é uma investigação criminal, as dificuldades que implica quando atravessa várias fronteiras de vários países. É não ter a noção de como isso implica tantas diligências, tantos processos complicados (…)”. Para meio entendedor, meia palavra basta.

 

Ora então, temos um candidato a primeiro-ministro que diz, imitando de forma barata Trump nas redes sociais que “ Pelos vistos, o azar de João Rendeiro foi haver eleições em janeiro.”

 

Depressa e bem, vários foram aqueles que vieram comentar a boa actuação da Polícia Judiciária e da equipa liderada por Luís Neves que na verdade conseguiram aquilo que muitos pensaram ser impossível. A bem da verdade, a detenção de João Rendeiro não veio lavar de todo a imagem de uma justiça que falhou na base é que deixou marcas em toda sociedade portuguesa,  mas de algum modo está detenção reparou os danos colaterais deixados na altura da fuga do banqueiro.

 

“Como foi isso possível?”

 

Foi a questão que muitos colocaram há bem poucos meses. E cá está a resposta.

A melhor polícia do mundo veio dizer-nos que não é fácil brincar aos polícias e ladrões

 

Mas Rui Rio, numa tentativa populista e de muito mau tom, veio colar esta detenção a um calendário político. E tudo por há eleições legislativas. Significando então que, a não existir eleições, a polícia judiciária não se preocuparia com assunto João Rendeiro.

Ora, esta falta de respeito por uma instituição que todos os dias nos mostra, mesmo com a falta de meios humanos e técnicos, que faz “ milagres” pela sua capacidade e resiliência, Rui Rio literalmente gozou, como diz o outro, com quem trabalha.

 

Para quem almeja ser primeiro-ministro, há que mostrar respeito pelas instituições, que neste caso em concreto, deixou toda uma sociedade incrédula.

A detenção de Rendeiro veio abrir um grande espaço e novo ar, para que todos nós possamos acreditar na justiça que é feita em nome povo. Rui Rio, parece não acreditar em nada disto, porque também não percebe nada disto.

 

É verdade que há várias razões para criticar o nosso sistema judicial, mas não é menos verdade que em nome do Estado de Direito Democrático, podemos contar com uma polícia judiciária para “ apanhar” aqueles que se julgam acima da lei.

 

Se Rui Rio não percebe como isto funciona então com uma certeza ficamos: que não está preparado para liderar um país como Portugal.

É perigoso termos um candidato que vem que vem para as redes sociais, “ gozar”com a nossa cara, da mesma forma que fez Rendeiro.

Há, e Rui Rio não entenderá o que digo, um carinho especial por parte dos Portugueses pela nossa PJ.

Desde logo porque sabemos da sua reputação a todos níveis, quer cá dentro quer mesmo lá fira , e também porque sabendo que pese embora a luta seja grande pelo combate ao crime com escassos meios, ela é essencial e faz parte integrante do nosso sistema judicial.

 

Mas Rui Rio é incapaz de perceber isto.

 

Este candidato a primeiro-ministro, demostra paulatinamente, que para além de não estar preparado para assumir o cargo a que se propõe, é mais um perigo que anda à solta quando tem um aparelho ligado à net nas mãos.

João Rendeiro: da detenção em pijama até à extradição. O que se segue?

Dezembro 11, 2021

Sérgio Guerreiro

 

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Eram 5.00 horas em Portugal Continental, 07.00 na África do Sul, João Rendeiro foi detido num resort de luxo chamado Forest Boutique Guest House, localizado em Umhlanga, na província costeira de KwaZulu-Natal. Rendeiro foi surpreendido pela divisão da investigação criminal da Polícia da África do Sul quando ainda estava vestido de pijama cinzento — com uma camisola mais clara e umas calças mais escuras.

Foi autorizado a vestir-se e a fazer a barba, enquanto os polícias sul-africanos lhe revistaram o quarto do resort de luxo para onde se mudou há cerca de três semanas. Já com a barba feita e vestido com uma camisa de linho cor-de-rosa e uns jeans, João Rendeiro foi encaminhado para uma carrinha celular branca e azul da Polícia da África do Sul e deslocado para o Tribunal Judicial de Durban. Aqui será presente nas próximas 48 horas a um magistrado judicial que equivale ao juiz de instrução criminal para ser tomada a primeira decisão central: Rendeiro fica em prisão preventiva ou não?

Só depois dessa decisão é que se abrirá um segundo momento judicial: o processo formal de extradição que a Justiça portuguesa terá de solicitar formalmente por vias diplomáticas à sua congénere sul-africana. Portugal não tem efectivamente um acordo se extradição com África do Sul, mas assinou uma convenção europeia de extradição que o país africano também assinou e que permite uma cooperação direta que, em termos práticos, facilita em muito a extradição de qualquer cidadão entre os países assinantes.

Mas e agora, o que se segue?

1- caberá ao Tribunal da África do Sul tomar a decisão de extraditar ou não João Rendeiro:

2- após ser ouvido, o que se presume ser já na próxima semana, João Rendeiro terá a hipótese de se opor à extradição caso seja esse o entendimento do Tribunal sul africano, a assim sendo haverá um “mini-julgamento” para ver se pode ou não haver extradição.

3- quando João Rendeiro for ouvido ser-lha-á aplicado, tal como em Portugal, a medida de coação que pode ser desde ficar em liberdade com termo de identidade e residência ou prisão preventiva. Esta será a mais provável a aplicar devido ao facto de Rendeiro ser um foragido à Justiça:

4-será proferida uma decisão do tribunal na primeira instância quanto a esta extradição que pode ainda ter uma fase de recurso, se o arguido assim o quiser, e depois haverá uma decisão final quanto à extradição. Em suma a extradição é possível.

Embora não haja um acordo bilateral entre Portugal e África do Sul, há uma convenção europeia de extradição também ela outorgada por este país. O prazo indicado para início de tudo este processo , de 20 dias, é meramente indicativo. A convenção determina que o prazo pode ser alargado tendo em conta a complexidade do caso. Tudo será mais rápido se Rendeiro aceitar a extradição, mas no caso de oposição (o mais certo), o processo poder-se-á arrastar por meses. Se no entanto tiver sido concedida a dupla nacionalidade a João Rendeiro tudo poderá ser mais complicado.

A justiça sul africana terá que averiguar em moldes ela foi concedida e se a mesma não serviu exclusivamente como uma obstrução à justiça. Esta detenção e o magnífico esforço feito pela Polícia Judiciária, não lava de modo algum a cara justiça por ter deixado escapar um criminoso. Rendeiro, que gozou com tudo e com todos, esqueceu-se que temos uma polícia judiciária das melhores do mundo.

Para os lesados do BPP e a bem do Estado de Direito Democrático, hoje o dia é esperança para que se faça a verdadeira justiça. Para os lesados do BES por agora uma palavra: temos que compreender que o “ Alzheimer” é tramado.

Camarate: sem justiça 41 anos depois.

Dezembro 04, 2021

Sérgio Guerreiro

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A 4 de dezembro de 1980 , o primeiro de ministro Francisco Sá Carneiro juntamente com o ministro da defesa Adelino Amaro da Costa, pretendem deslocar-se até ao Porto a bordo de um avião particular Cessna 421, para o comício de encerramento da campanha do general António Soares Carneiro, candidato da Aliança Democrática (AD) à Presidência da República.

Embarcou também a esposa de Adelino Amaro da Costa, Maria Pires, a companheira de Sá Carneiro,  Snu Abecassis e Patrício Gouveia, chefe do gabinete do Primeiro-Ministro. Cinco passageiros e dois tripulantes, perdem na vida a bordo do Cessna 421. Poucos minutos após a descolagem, o avião que Adelino Amaro Costa alugara com destino ao aeroporto do Porto apesar de ter embatido em cinco habitações e três automóveis no bairro residencial das Fontaínhas, em Camarate, não provocou mais mortos na aparatosa queda do Cessna, que interrompeu os noticiários daquele dia.

 

 

No próprio dia do “ acidente” foi aberto o respectivo inquérito mas cedo se apercebeu que as peças deste“ puzzle” não encaixavam. Entre vários testemunhos contraditórios, inicialmente a investigação concluiu que o “acidente” teria sido provocado pela falta de combustível,  excluindo assim a tese de atentado.

 

No entanto, foram realizadas dezenas de comissões inquérito que duraram mais de 30 anos. O caso chegou ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que concluiu que a justiça portuguesa não foi negligente.

 

Em 1983, José Moreira preparava-se para revelar tudo que sabia sobre a queda do Cessna. Na véspera de testemunhar, foi encontrado morto. José Moreira proprietário de aviões, colocou uma aeronave à disposição da campanha presidencial do General Soares Carneiro.

 

Depois da tragédia de Camarate José Moreira “terá financiado uma investigação privada ao homicídio” de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e estava pronto para depor na I Comissão de Inquérito ao caso. No entanto, a 5 de janeiro de 1983, a poucos dias da audição, José Moreira e Isabel Silva foram encontrados mortos em casa por inalação de monóxido de carbono.

 

Este caso prescreveu em setembro de 2006, de forma inconclusiva e ninguém foi formalmente acusado. É então, nesse mesmo ano, que surge José Esteves, ex-agente de segurança. Confessa a autoria da queda do Cessna onde seguiam Sá Carneiro e Amaro da Costa e admite publicamente que colocou um engenho explosivo no avião. A intenção, disse inicialmente, era apenas dar um “aviso” ao candidato presidencial Soares Carneiro. Nas suas palavras, terá sido ele quem fabricou a bomba, mas era esperado que o engenho se incendiasse antes da descolagem.

 

Quatro décadas não foram suficientes para a justiça portuguesa conseguisse resolver este mistério que abalou a nossa história política e as vítimas de Camarate e os seus familiares não viram, como nunca irão ver, ser feita qualquer justiça e isto,  deve envergonhar qualquer Estado de Direito.

Deveria ser bastante que os decisores políticos tivessem em linha de conta o que representa para justiça e para os Portugueses o caso Camarate. Mas parece ser não o ser.

 

Os restantes casos,  mais recentes e mediáticos como é o caso do BES, Operação Marquês ou mesmo o BANIF, também estes de foro criminal, são casos que parecem não ter fim.

E se o fim for o mesmo que o caso de Camarate, então que venha um novo Abril e que tenham mesmo medo do Povo quando este sair às ruas a pedir que todos tenham vergonha.

 

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