CDS: é preciso ensinar ao Chico o que é ser democrata ?
Outubro 31, 2021
Sérgio Guerreiro
Não me envergonho de vos mencionar dois factos pessoais: um deles é ter votado em Marcelo na sua primeira candidatura, o outro é já ter votado CDS-PP.
Se me arrependo do primeiro, do segundo já não tanto. Na altura, duas figuras de peso influenciaram de algum modo o meu sentido de voto : Assunção Cristas que assume depois de Portas a liderança do partido e com quem tive o prazer de trocar em parcos minutos poucas palavras e Adolfo Mesquita Nunes.
No entanto, e considerando o momento que politicamente atravessamos, dois partidos à direita, CDS e PSD, têm na sua estrutura interna alterações de fundo no que respeita às respectivas lideranças.
Desta feita, o CDS-PP ainda liderado por Franciso Rodrigues dos Santos, entende ter legitimidade para se candidatar pelo seu partido às próximas eleições legislativas, eleições essas de caráter extraordinário provocadas pela certeza da dissolução Assembleia da República em consequência do chumbo do Orçamento de Estado.
Antes de todos sabermos qual o fim de toda esta história orçamental, já Nuno Melo se tinha posicionado, assumindo ser candidato à liderança do seu partido. Fê-lo a 9 de Outubro.
De seguida, Francisco Rodrigues dos Santos, anuncia a sua recandidatura à liderança e a 10 de outubro o Conselho Nacional do CDS-PP aprova o 29.congresso para os dias 27 e 28 de novembro, com 145 votos a favor, 65 contra e 16 na abstenção.
De forma estranha o congresso que estava agendado para novembro, em Lamego foi agora adiado por proposta do ainda presidente do partido tendo sido aprovada em conselho nacional com 144 votos a favor (57,8%), 101 contra (40,6%) e quatro abstenções (1,6%).
O mesmo Conselho Nacional que há pouco mais de mês aprovaria um congresso, agora reprova-o.
Mas afinal para serviria este 29. congresso agora cancelado ?
Que não haja dúvidas: seria para que democraticamente fosse devolvido as militantes, o poder de escolher uma estratégia adequada aos novos tempos, clarificando quem a poderia protagonizar. Os militantes decidiriam entre dois candidatos: Melo e Francisco. Mas Francisco, não quer que o CDS -PP faça antes das legislativas essa nomeação.
O que significa impedir a escolha?
Simplesmente isto: Não ser democrata e ter o poder pelo poder.
É preciso então demostrar por A + B ao ainda líder do CDS, Franciso Rodrigues dos Santos, que em democracia não se pode ter medo de eleições e que elas são o motor máximo da participação cívica individual, onde o debate de ideias e o caminho a ser seguido, será da escolha dos seus militantes.
Por mais que o líder do CDS-PP se possa refugiar na sua legitimidade, não pode negar uma clara e objetiva incoerência factual: o adiar de um congresso electivo para depois de umas eleições legislativas, é ter medo da democracia, e que tem pavor a eleições não pode ser político nem deve estar ao serviços dos cidadãos.
Francisco Rodrigues dos Santos, um jovem dos anos 80 não pode estar agarrado ao poder até querer, estará sim, até os militantes quiserem. Impedi-los de ter voz. é impedir a democracia de funcionar.
Estes golpes palacianos são do tempo de uma política antiga e suja. O respeito que os políticos devem à democracia e aos Portugueses começa na luta interna dos partidos que representam e Franciso Rodrigues dos Santos presta neste momento um péssimo serviço ao país e à democracia, não deixando que ninguém se atrevesse no seu caminho.