Um ano depois de tudo isto, o confinamento vai trazendo angústia e um mau estar interior quase insuportável. O teletrabalho retirou os copos de fim tarde com os colegas do departamento e o sair à noite para jantar fora com os amigos, está a cada dia que passa, a tornar-se uma longuíssima espera.
Conhecer pessoas novas para possíveis novos relacionamento, se antes era complicado, agora, é impossível. Resta as redes sociais que nos fazem olhar os outros sem máscara mas one tudo não passa de uma conversa virtual sem acesso ao essencial do ser humano.
O toque e ao sabor.
Somos feitos de emoções, de contactos da pele, e por essa razão a solidão que nos vai invadindo todos os dias mais um bocadinho, começa a ganhar forma e vai paulatinamente tomando conta de nós.
O sentimento do medo causado por tudo isto já tem nome. Contrariamente àquilo que se pensa ser , F.O.D.A, é uma sigla que significa Fear of Dating Again.
Este sentimento caracteriza-se essencialmente pelo medo de voltar a marcar um encontro e sair com alguém.
O distanciamento social e as curtas idas ao supermercado sempre com a máscara, não nos permite trocar umas simples palavras e não vemos agora os outros como outrora, ou seja, não sentimos quase nada que nos faça arrepiar a pele.
Se um abraço ou beijo é suficiente para a transmissão do vírus, depois do desconfiadamento como vai ser ?
Irracionalmente teremos ou não medo de procurar alguém com quem passar a tarde a domingo no sofá a beber vinho tinto e discutir Kant ?
A falta do contacto físico é dolorosa e estamos, principalmente nos mal casados e nos solteiros, desejosos dos sábados à noite, para se puder de vez, voltar ao normal. Mas será que voltaremos a esse normal com segurança e de mente aberta para novos relacionamentos?
Quando tudo passar, não iremos por só na carteira o preservativo. Há uma outra variável em jogo.
A segurança que nos deve manter distantes uns dos outros, sem sentir, sem tocar, sem o cheiro e principalmente sem beijar.
E se a preocupação e o medo do contágio tomar conta nós, a probalidade de nos entregarmos ao outro será certamente maior. Ou seja, ficamos de alguma forma indisponíveis quando desejamos exactamente o seu contrário. Mas temos medo.
Uma relação baseada na tecnologia, é um quadro em branco. Falta-lhe a cor do toque, do cheiro e do sabor. Em suma, das características essências a uma vivência social em plena harmonia com os sentidos.
Mas, como será depois? Longe ainda de se atingir a imunidade de grupo, com o confina e desconfina, ter-se-á que aguentar. Até quando não se sabe.
Entretanto a solidão e o medo de procurar alguém, a tal F.O.D.A., ( Fear of Dating Again) vai alcançado proporções nunca antes sentidas.
Ou muito me engano, ou regressarão os loucos anos 20 quando tudo isto passar.
Até lá, é estar firme e hirto.