Esta igreja ainda cheira a mofo.
Outubro 26, 2020
Sérgio Guerreiro
“ Quem sou eu para julgar “.
Logo que iniciou o seu Pontificado o Papa Francisco mostrava e apelava à integração dos homossexuais na vida da igreja. Mas estas declarações chocam de frente com a posição do teu antecessor Joseph Ratzinger que em 2013 afirmou que “ A igreja ensina que o respeito para as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais”. Agora, aquele que foi seu braço direito e actual líder da Igreja Católica, pede que os Países criem uma lei de união civil que proteja os homossexuais. Apesar desta posição do Papa Francisco, mais progressista ser já esperada, a igreja católica continua a não permitir o casamento católico entre pessoas do mesmo sexo.
Portanto, a sua doutrina continua igual. Certamente as recentes declarações do chefe da Igreja não agradaram a alguma ala mais conservadora que ainda existe no mundo católico. Em Portugal não se ouviu ninguém. Podem estar ainda a digerir esta orientação.
Estas declarações de forma tão clara e aberta por parte do líder de uma igreja tão fechada em doutrinas presas e amarradas a um passado que ninguém viveu, podem ser uma lufada de “ ar de fresco” e vejo-as como uma “janelinha” que se abriu para retirar um pouco do mofo em que a Igreja ainda vive.
Seguir-se-à a permissão do casamento católico a pessoas do mesmo sexo? Mas porque não? Qual é o racional de se negar este direito? A igreja não responde a esta questão porque ainda vê a união como uma mera forma de procriação. Negar o direito de casais do mesmo sexo a celebrarem casamento católico, é nos dias que correm uma enorme imoralidade. A lei civil, na graça de Deus, está mais avançada. Estas declarações, não sendo uma esperança para os casais do mesmo sexo, podem ser vistas como um tratamento igualitário perante a fé. “Chocar” a sério, seria permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas este já é um passo muito importante que vale o que vale. Poucochinho.
Este passo é reconhecer, tardiamente, que uma coisa é a fé, outra é a sexualidade que cada um escolhe. Mas ainda assistimos a muitos católicos a reprovar a união de pessoas do mesmo sexo e esta dicotomia, entre as regras da Igreja e a evolução social do ser humano, tem um grande caminho a percorrer.
Porque razão também as mulheres não poderão celebrar eucaristias? Não vejo as mulheres católicas a questionar isto.
Porque razão, quem enveredar pela fé como profissão, não pode casar e constituir família como em tantas outras religiões? São estas e outras questões tão pouco debatidas que prende a evolução social da Igreja afugentando “seguidores “ que procuram acolhimento na fé em religiões mais abertas." É demasiadamente lenta a evolução do mundo católico e seu dever também é acompanhar a ascensão do homem à sua felicidade interior assim como respeitar a sua decisão pessoal.
A igreja é lenta porque é velha e retrógrada como demasiados poderes instalados que história não nega mas que hoje não faz sentido algum.
Esta Igreja continua podre não permitindo que se abram as janelas para que saia de vez o cheiro a mofo onde ela própria ainda vive.