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Melhor Política

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As mais importantes questões do mundo estão todas aqui.

Setembro 30, 2020

Sérgio Guerreiro

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A morte de Joaquín Salvador Lavado,“ Quino”, o pai de Mafalda é hoje sentida em tudo o mundo. E em mim também, porque hoje me fizeram puxar por memórias que se julgava esquecidas e lembrei-me então das minhas amigas da escola que tinham todas, ou quase todas, uma mochila da Mafalda ou um estojo da Mafalda. Qualquer coisa era da Mafalda. Cresci a ler a Mafalda porque eu também não gostava de sopa. E se eu pensar bem, é possível que até ela me tenha influenciado na crítica social e política. No fundo, acho ela me ajudou a questionar. É possível que sim. Mas com a pouca idade que tinha, Mafalda já sabia o que queria. Queria aquilo que todos nós queremos.
O que ela simboliza é só o nosso desejo mais profundo de uma sociedade tal e qual como ela a vê, e será certamente a mais pertinente comentadora política de todos os tempos.
Dos anos 60 , data da sua criação, até hoje o mundo pouco aprendeu com a Mafalda. A sua crítica e as suas reflexões sobre a humanidade vão passando de geração em geração, deixando recados e conselhos para um mundo melhor.
Mas o pior de quem é livre nestas coisas de dizer e sempre com uma grande dose de verdade,  é isto. Ninguém lhe liga.
O seu pai hoje já não pegará mais no lápis, mas a Mafalda continuará viva  e tem na nossa história o mais invejável lugar. Tem um lugar que jamais ser ocupado por qualquer homem, porque passados tantos anos, ninguém como a Mafalda combateu a Paz mundial, a igualdade e a educação  e tantas outras causas com a sua irreverência.
Em tudo o que na sua época a Mafalda sem apelido dizia, ainda faz hoje eco na nossa sociedade que não consegui pensar no significado das suas reflexões.
A Mafalda não gostava da sopa e acho que os políticos não gostam da Mafalda.

Até sempre Quino,  e muito obrigado por tudo aquilo que nos deixas e por me ajudares a pensar e sempre a fazer rir. 
Deixas o mais preciso tesouro crítico, social e político de todos estes tempos e por curiosidade, ainda me lembro da Mafalda dizer a uma tartaruga que se podia chamar de "burocracia" de tão devagar que isto anda. E o que mudou ? 

O mundo deve-te tanto "Quino".
Que orgulho deves estar a sentir da tua filha.

A menina Inês que não mora num bairro social mas “gostava”.

Setembro 24, 2020

Sérgio Guerreiro

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A Presidente de Câmara de Almada, Inês de Medeiros, segundo se percebeu diz que a vista do Bairro Amarelo “ é linda” sendo essa razão pela qual se mudaria" já amanhã"  para o tal Bairro Social na cidade de Almada mas o que diz, atenção,  diz a rir-se... Entretanto o amanhã é hoje e que se saiba a senhora  ainda não se mudou para o Bairro Social com uma magnífica vista e será provável que não se mude.

Os problemas deste bairro social que é o quarto bairro mais perigosos do País, é análogo a tantos outros. Droga, desemprego , insegurança, etc... mas para a senhora Presidente  o que interessa é a vista.
Não conhecer a realidade para uma Presidente de Câmara  e pintar a miséria do seu município de arco íris é muito típico da esquerda, e se recuarmos no tempo tudo isto é muito parecido com os outros tempos.
Não interessa resolver a questão do Bairro Amarelo nem a pobreza que por lá anda, o que interessa mesmo é a vista.
E esta senhora, convém lembrar, foi a mesma que como deputada teria a sua morada em Paris onde certamente teria que ir ao fim de semana tratar da " bicharada " e ir às compras mas alguém lhe pagava as viagens  porque o dinheiro não estica e nós percebemos isso.

O Associativismo serve para servir.

Setembro 23, 2020

Sérgio Guerreiro

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O Associativismo é um dos mais importantes factores de desenvolvimento cultural e social de um qualquer concelho.
Envolve e enriquece as suas gentes trazendo a humanização das relações e o seu bem estar.
Se há um papel fundamental na evolução social e cultural de uma sociedade, esse papel passa pelas associações culturais e recreativas.

São as associações, que aproximam e que trazem todos os elementos da sua comunidade em redor do novo, do concreto, do abstrato e de uma nova abordagem e de outros conceitos das coisas que sem elas só seria possível a alguns assistirem e vivenciarem. 
São as associações, que levadas sob o espírito do sacrifício de poucos em prol de muitos, que no fim de mais uma etapa, se diz sempre que valeu a pena trabalhar, planear durante meses, martelar, carregar, não dormir... porque no final o objectivo foi cumprido.
O bem e atempado planeamento das organizações é meio caminho feito para o sucesso em torno de um objectivo comum. Mostrar à sua comunidade que a cultura nas suas mais variadas formas também pode ir às aldeias e às vilas.

Cortar a função do Associativo é não perceber este grandioso trabalho em prol da sociedade e não entender o que é a cultura e a sua necessidade permente de existência próxima às pessoas.

Quando assim é, o mundo não avança porque não querem que ele seja melhor, e um dia, aqueles que não deixam o mundo avançar vão perceber a falta que fez assistir e tirar apontamentos naquela aula de “dignidade e de política”.

A Operação “ Lex” que o Porta Voz de Luís Filipe Vieira não entende!

Setembro 19, 2020

Sérgio Guerreiro

00BC50D4-4F14-4F8F-B901-DF41BBEF6980.pngQuem ouviu as declarações do porta voz de Luís Filipe Vieira, ficou sem perceber nada do crime que o ainda Presidente do Sport Lisboa e Benfica é acusado.

Propositadamente, ou não, João Gabriel quis confundir isto tudo. Falou muito mas não disse nada.

Luís Filipe Vieira é acusado do crime de recebimento indevido de vantagem e sobre isto, João Gabriel, o porta voz de Luís Filipe Vieira, nada disse.
Mas afinal o que é o crime de recebimento indevido de vantagem pelo qual Luís Filipe Vieira está agora acusado no caso da “Operação Lex”?
A questão é só esta.
Luís Filipe Vieira, na qualidade  Presidente do Benfica aproveitando esse facto e a amizade que tem com o Juiz Desembargador Rui Rangel alegadamente teria pedido  ao Juiz que este intercedesse junto de uma sua colega, Juíza em Sintra, para que esta despachasse um processo pessoal  que corria naquele Tribunal Administrativo e Fiscal a troco de um cargo futuro no clube da Luz.
Dirão alguns: quem nunca pediu um " favorzinho" a alguém para que alguém despachasse aquele papelinho que anda há meses perdido numa secretária de alguém com " poder"? É certo que sim. Este tipo de crimes são 
praticados todos os dias mas com uma "pequena" diferença; serão cidadãos comuns que não terão muitas amizades com Juizes e muito menos serão Presidentes de um qualquer clube futebol. Não é por isso que deixa ser punível. O cargo que se ocupa e a sua dimensão são vectores inaleinaveis de um determinado comportamento social. Ser Presidente de uma Instituição seja ela qual for, trará certamente um maior peso social, ainda para mais numa Instituição como o Benfica.

Alegadamente 
Rangel, pediu então a um terceiro que este contacta-se a Juíza do TAF ( Tribunal Administrativo e Fiscal ) de Sintra.
Ou seja, alegadamente e pela mensagens (sms) trocadas entre ambos e agora divulgadas na comunicação social, vêm mostrar a prova clara e inequívoca da prática do tal crime de recebimento indevido de vantagem.
E a vantagem aqui recebida, foi que o processo de Luís Filipe Vieira , passa-se à frente dos demais.
Quando todos nós, aguardamos anos e anos por uma decisão, o Presidente do Benfica tirando alegadamente vantagem dessa qualidade e da amizade que o une a Rangel ( seu antigo opositor ) consegui a decisão.
No crime de recebimento indevido de vantagem a sua “ consumação” basta a intenção, i.e, supondo que Rui Rangel não aceita o pedido de Luís Filipe Vieira o crime está lá tal e qual mas neste caso alegadamente o crime está consumado em toda em linha. O que pediu o favor ( Luís Filipe Vieira) e aquele que fez o favor ( Rui Rangel).

Sobre o crime de que agora Luís Filipe Vieira é acusado, o Porta Voz do Presidente do Benfica não disse uma palavra afirmando somente  este não pagou nada a ninguém e por aí fora.
Mas este não é o tema de que se centra  a acusação. A questão de fundo é de outra ordem e é só esta:
Houve ou não a prática de crime de recebimento indevido de vantagem praticado por Luís Filipe Vieira pelo motivos atrás expostos ? 
Luis Filipe Vieira viu o seu processo ser despachado de uma forma mais célere passando à frente dos demais, pedindo " um favor " a um amigo ou não? São estes os factos.

João Gabriel, sobre isto nada disse nem referenciou este facto confundido tudo e todos sobre este processo, dizendo assim umas "coisas",  fazendo passar uma mensagem totalmente errada sobre a acusação que recai sobre Luís Filipe Vieira.

É certo que a figura central deste processo “Lex” está longe de se centrar no Presidente do Benfica, ele tem acento na figura principal do Juiz Rui Rangel.

Esperava-se que o Porta Voz de Luís Filipe Vieira, fosse mais inteligente nas suas afirmações e não fazer de nos “ tótós” porque tudo o que por ele foi dito nada tem que ver com a acusação.

 

 

 

Andam a gozar com o Ensino Artístico Especializado.

Setembro 16, 2020

Sérgio Guerreiro

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Enquanto a sociedade Portuguesa e os seus académicos discutem abundantemente se o ensino da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento deve ou não ser obrigatório, passa pelos pingos da chuva a não discussão sobre o ensino Artístico Especializado. 

O corte no número de vagas é assustador e chega a ser superior a 50% sendo mais grave que atribuição das vagas apoiadas pelo Estado é conhecida depois da inscrição dos alunos.

Veja-se o caso do Orfeão de Leiria e da Sociedade Artística Musical dos Pousos.
Os critérios para a brutal redução do financiamento, como consequência da redução do número de vagas, para além de não serem claros, não é explicada.

Em declarações a 21 de Julho, numa audição parlamentar, a secretária de Estado da Educação, Susana Amador, teria afirmado que as escolas de ensino artístico especializado iriam ter mais alunos financiados pelo Estado, atingindo os 32 mil estudantes e que os contratos celebrados com as escolas de ensino Artístico Especializado, iria aumentar, passando de 72 para 74 milhões de euros.

Segundo uma nota divulgada pelo Município de Leiria, em todos os níveis de ensino ( iniciação, básico articulado e secundário), há 162 alunos já matriculados e distribuídos por turmas. Mas o Estado só está disponível para financiar 64. 
Um outro exemplo de como toda esta trapalhada é gerida: 
O Instituto Jovens Músicos da Caranguejeira candidatou-se a 10 vagas e recebeu 1.

Não levando a sério, a cultura como pilar fundamental do desenvolvimento pessoal e a capacidade crítica enquanto indivíduo em formação,  estamos a caminhar para a "ignorância" sem escolha, típica dos estados totalitários, em que o não conhecimento era o melhor amigo do Estado, mas também não se pode esperar muito de um País que numa área tão fundamental para o seu desenvolvimento não chega a gastar 1% do PIB enquanto deixa fugir só em corrupção o equivalente a 7,9% do Produto Interno Bruto .
Só na Bulgária por exemplo , são gastos cerca de 3 % a 4% do PIB na área da cultura.

O ensino Artístico é uma ponte fundamental para o desenvolvimento do jovem como cidadão na sua formação. Não é por acaso que o estudo da música por exemplo, leva a um maior resultado nas notas finais.
Estamos habituados a duas grandes áreas neste tipo de ensino; música e dança. Mas, e já em várias “discussões” com profissionais, creio ser imprescindível, diversificar o âmbito no ensino Artístico Especializado, alargando-o a outras matérias como o Teatro por exemplo. Poucas são as academias ou escolas com uma variedade aceitável.
Mas creio ser utopia este discurso porque a intenção agora é clara. Não é discutir o tema, mas sim acabar com o tema. É demasiado sério este assunto porque é de futuro e de formação cívica e cultural do cidadão que estamos a falar. É com isto que o Estado quer acabar. E as provas disso mesmo estão à vista de todos e só não vê não quer ver.
Porque, políticas educacionais conjugadas com políticas culturais decentes, não são para este governo. 
Ou este assunto se leva a sério e de vez, ou então que se feche o País e vamos todos viver para Vénus.

A comissão de honra que é uma vergonha.

Setembro 14, 2020

Sérgio Guerreiro

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Enquanto homem e cidadão António Costa é livre. Enquanto Primeiro-ministro já deixa de o ser. Entre o mundo do futebol e da política, a linha que separa estes dois mundos é, para além de muito ténue, também muito perigosa tanto mais quando se apoia um candidato a presidente de um clube de futebol que, ao que se sabe, é arguido em vários em casos e principalmente sendo as suas empresas das maiores devedores ao Novo Banco em que o buraco que foi sendo cavado é tapado com dinheiro dos contribuintes portugueses, mas também justo será dizer, que até trânsito em julgado, Luís Filipe Vieira é como todos os outros meros arguidos, prevaleçendo sempre, a presunção de inocência. Mas a questão, é de outro âmbito.

É aqui que reside a falta de honra de António Costa. O Primeiro-ministro de Portugal, julga talvez pela sua tão afamada qualidade de político de grande inteligência, que não há problema nenhum e nada tem a ver com a vida política . Discordo da fama que António Costa tem. Não fosse ele Primeiro-ministro e queriam ver se o candidato Luís Filipe Vieira o ia convidar para fazer parte desta “ palhaçada”.
 
Antonio Costa pode apoiar o clube que quiser na sua qualidade de cidadão como todos nós. Não pode nem deve como Primeiro-ministro (figura que se mistura automaticamente com a de cidadão quer se queira ou não) fazer parte de uma comissão de honra de um qualquer candidato  à presidência de um qualquer clube de futebol.
 
Ao fazê-lo, está claramente a dar um sinal que neste País já tudo vale e quanto mais se misturar todo e mais uma coisas, melhor... para se fingir que ninguém percebe nada, mas principalmente para dar aquele ar de democrata, de liberdade de expressão e de vontades pessoais. 

Para o Primeiro-ministro, os Portugueses também já estão habituados a viver com esta promiscuidade entre a política e o futebol e não sendo carnaval ninguém leva a mal. Mas engana-se.
 
Um outro facto interessante sobre a inteligência de nível superior de António Costa, foi na qualidade de Primeiro- ministro, recomendar aos membros do governo que não se pronunciassem sobre as eleições presidenciais. E mais, afirmou, como todos se lembraram de que “ nem à mesa do café se podem esquecer que são membros do governo”.
 
Mas no fundo quem perde com isto? 

Perdemos todos e talvez o que já há muito se perdeu. A credibilidade da política e dos políticos e caberia a António Costa enquanto Primeiro-ministro de Portugal dar o exemplo e de aproximar mais as pessoas à política. Mas possivelmente é mais interessante não o fazer, não vá o PS perder o controlo disto tudo.

Perdemos todos nós, porque aos poucos vemos que tudo se mistura, tudo é passível de “ negociatas “ e cada vez mais às claras e mesmo à nossa frente.
 
Uma honra seria António Costa Primeiro-ministro estar sossegado e não envergonhar mais os Portugueses, porque quando se assume responsabilidades políticas a liberdade pessoal e a tomada de decisões pessoais, devem ser ponderadas a bem das regras da ética. E essas mesma regras, por incrível que possa parecer, no governo de António Costa, foram mesmo transpostas num Código de Conduta onde é claro que os membros do governo, onde se inclui o Primeiro-ministro, não devem aceitar convites e envolver-se em questões que ponham em causa a sua imparcialidade no tratamento de pessoas ou instituições ou que podem dar benefícios directos ou indiretos a pessoas e instituições. 

Este Código de Conduta surge exactamente devido ao caso “ Galpgate” onde alguns políticos beneficiaram de bilhetes para o futebol oferecidos pela Galp.  Foi por esta promiscuidade que se elaborou este fraquíssimo conjunto de normas que mais não é meras linhas para “ Português ler” que de nada servem. Dito de outra forma, foi só elaborado o tal Código para que o escândalo da altura ( Galpgate) fosse  abafado de vez como o foi.
 
É certo que da interpretação das normas do aludido Código de Conduta, dificilmente se poderá retirar a conclusão de alguma infração à lei por parte do governante, porque este aceita  o convite para ingressar a comissão de honra de Luís Filipe Vieira na qualidade de cidadão e não de Primeiro-ministro e isto é só a prova da fragilidade legislativa deste Código de Conduta que mais não é conjunto de normas muitas delas vindas já do Código do Procedimento Administrativo. 
 
Portanto e em suma, “ faz o que eu te digo e não o que faço” e nós, que já nos habituamos a todo isto, já não estranhamos e vamos por aí felizes e contentes porque no fundo mas bem lá fundo, o futebol é que interessa e o resto são cantigas. Triste fado o nosso bolas...
 

Sérgio Guerreiro- Editor do blogue Melhor Política.

A política e a confiança dos cidadãos.

Setembro 13, 2020

Sérgio Guerreiro

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Resulta evidente que quem tem governado o tem feito sobretudo no interesse do grupo a que pertence.

 

Pese embora a crise económica provocada pela pandemia do novo Coronavírus encabece a lista de preocupações da Nação, não pode esta abstrair do grave problema político que se tem vindo a desenvolver no seu seio há quase duas décadas. Tal situação parece tomar hoje a dimensão de uma verdadeira crise institucional, e o desenvolvimento nacional está fortemente associado ao modo e intensidade como ela for combatida.
Tal crise aparece, sobretudo, sob a forma de falta de confiança. Se os portugueses parecem nutrir uma (culturalmente enraizada) desconfiança em relação a quem governa, os níveis de confiança parecem estar a deteriorar-se sucessiva e significativamente. Nesse sentido apontam os números de participação eleitoral: tendo em conta apenas os órgãos eletivos de soberania, de uma irrisória abstenção de 8.5% nas eleições para a Constituinte, evoluímos para 51,4% nas últimas eleições legislativas. Em sede de eleição do Presidente da República, a abstenção passou da cifra de 24,6% em 1976, para uma abstenção de mais de metade dos cidadãos eleitores desde 2011. Mais de metade do povo demite-se de praticar o acto mais essencial e expressivo da soberania popular. Porém, como o leitor saberá, há motivos para desconfiar. Afinal de contas, a nossa cultura é o corolário da nossa realidade.

Resulta evidente que quem tem governado o tem feito sobretudo no interesse do grupo a que pertence. A qualquer dos partidos que têm sido responsáveis pelos destinos do País falta um projecto político sólido de presente e de futuro, que envolva a melhoria da situação económica – que constitui a grande aspiração da maioria dos portugueses – e que tem hoje que ser conjugada com os desafios ambientais, com o envelhecimento demográfico, com o enorme desafio que será a coesão territorial, o investimento nos jovens e a criação de condições para que possam emancipar-se e realizar-se, a título de exemplo. As propostas são sempre sectoriais e altamente canalizadas para obtenção de voto (vejam-se as promessas sempre goradas de aumentos de reformas ou na função pública), e por isso sempre conjunturais e dirigidas não ao futuro de Portugal mas ao fim da legislatura. Como confiar? 
Parece difícil, mas sê-lo-á ainda mais quando se repare no novo Regimento da Assembleia da República (que nos coloca como sendo um dos países com menos presenças obrigatórias do primeiro-ministro no Parlamento), ou quando se constate a tentativa de reduzir o número de debates sobre matéria europeia, ou o número de assinaturas necessárias para levar compulsoriamente uma petição a Plenário. Estas medidas enfraquecem a transparência das instituições e a capacidade de escrutínio e intervenção dos cidadãos na agenda do poder que é exercido em seu nome e interesse, fechando cada vez mais os centros de decisão e os grupos políticos e alienando os cidadãos,  que cada vez mais sentem que isto não é feito para funcionar para si, como deveria. Na verdade, as instituições só mostram que temem o escrutínio e as consequências que do mesmo possam resultar, sobretudo a suscetibilidade de serem responsabilizadas. 

É lógico que as consequências vão além de abstenção e alheamento, visto que há votos válidos a serem direcionados para forças que defendem princípios contrários ao consenso constitucional como resposta a este descredito; situação que têm vindo a suceder em vários outros países parceiros, e que se verifica agora também entre nós. Muitos desses votos não são de gente perversa, mas de cidadãos desanimados que procuram uma solução não razoável, e em larga medida mobilizada por uma propaganda tremendamente demagógica e intelectualmente dolosa. É preciso recuperá-los, e só podemos combater a tensão anti-sistema com um sistema que funciona para bem e para todos, facto suficiente para desferir um golpe na narrativa populista. A solução nunca passa por ela nem por quem a profere, constituindo aliás um factor de agravamento do fenómeno em análise a que importa obviar.

Em suma, só podemos voltar a ser uma democracia saudável se conseguirmos fazer regressar as pessoas à política, colocando-as no centro de toda a decisão dos órgãos da República. Construamos um sistema em que os partidos são grupos de pessoas que pensam activamente soluções para o bem comum, e não diretórios fechados; tomemos providências legais que dêem mais poder aos cidadãos, criemos uma cultura de intervenção, escrutínio, responsabilidade e transparência. Só assim estaremos prontos para enfrentar os principais problemas da nossa vida colectiva, bem como recuperar para os portugueses o que lhes falta: a confiança.

 

Lucas Oliveira , estudante de Direito.

O comunicado do Santuário que não esclarece coisa nenhuma.

Setembro 12, 2020

Sérgio Guerreiro

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Como era expectável o Santuário de Fátima veio a público com um comunicado pela voz de Carmo Rodeia na qualidade de Porta Voz da instituição. Começa por dizer que o Santuário de Fátima “ tem sido alvo de uma reiterada campanha difamatória que atinge a credibilidade da instituição e a integridade moral dos seus corpos dirigentes”
Em causa estará os vencimentos da direção que “ tem posto em causa o nome e a idoneidade moral da equipa que governa” o santuário.
Diz a Porta Voz que as notícias sobre esta matéria “ além de falsas,  caluniosas e  difamatórias, não traduzem a realidade dos factos gerando ruído num tempo particularmente difícil onde o medo impera dado a incerteza da conjuntura nacional e internacional".
A primeira nota a reter sobre matéria de vencimentos da direção que a comunicação social trouxe a público, a porta voz do Santuário de Fátima, limitou-se a dizer que eram “ falsas e difamatórias...”  não apresentando números e não dizendo o valor auferido de vencimento pela equipa que governa o Santuário. Esperasse sempre de um comunicado desta natureza e à luz das notícias trazidas a público que se exerça o contraditório não se ficando somente por palavras. Faltam factos concretos e estes  foram  novamente ocultados ficando assim tudo na mesma. 

É verdade que os três responsáveis máximos recebem cerca de seis vezes e meia o valor do salário mínimo nacional como afirma a notícia da TVI? Para a Porta Voz do Santuário é mentira. Então quanto auferem? O comunicado não diz. 
Sobre números só é apresentado um único e com grande precisão,  que se diga a bem da verdade. 
"Apoios financeiros a instituições de solidariedade social, a famílias carenciadas e à igreja em particular em Portugal nomeadamente à Diocese de Leiria - Fátima, num total de 780.871,00”. O rigor dos números neste comunicado é só este. 
Sobre contas diz apenas que “ deste de 2006 as suas contas são auditadas por uma entidade externa” não dizendo qual, reafirmando somente que há uma gestão rigorosa.
Sobre isto ficamos todos outra vez na mesma porque o que se  esperava neste comunicado seria então mais uma vez mostrar e provar factos, e sobre as contas que deixaram de ser publicas, a Porta Voz da instituição não disse qual era a entidade externa que audita as contas do Santuário. Qual é essa entidade ? Não se sabe e o comunicado não esclarece.
Teria que o fazer?  Certamente que sim. Pelo menos para se ser um pouco mais transparente como quando o foi na apresentação dos números e do valor das ajudas que foram doadas.

Este comunicado não veio trazer a paz à questão de Fátima, e era isso que se esperava.  Eu suma, as notícias falam em números na questão dos vencimentos e a Porta Voz limitou-se a dizer que era mentira não provando rigorosamente nada, não dizendo afinal qual é o seu verdadeiro valor. 
Quando se faz um comunicado até pela natureza do ataque que tem sido feito à instituição para desmentir o que quer que seja, não basta fazê-lo  só em palavras. Mas é de palavras e não de factos concretos que este comunicado é feito.

Para que não exista qualquer questão dúbia, o Santuário perdeu agora uma grande oportunidade de ser claro. Não o fez porque não quis e as dúvidas permanecem,  porque este comunicado não esclareceu coisa nenhuma.

Sejamos sérios e certamente a Nossa Senhora de Fátima agradece.

 

Nota; Poderão ouvir o comunicado na página de Facebook do Santuário de Fátima e aqui : https://youtu.be/nNG2vcx0ULQ

 

Foto de Orlando Almeida / Global Imagens

Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio

Setembro 10, 2020

Sérgio Guerreiro

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Hoje também é um dia importante. É o Dia Mundial de Prevenção ao Suicido. Este dia foi criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde. Estima a OMS que o suicídio é a 13.terceira causa de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescentes e adultos até aos 35 anos sendo que ainda ocorrem cerca de 10 a 20 milhões de tentativas de acabar com a vida por ano. 
Mas estará nas nossas mãos poder fazer alguma coisa para diminuir este flagelo ? Está certamente. Esta questão é uma questão de saúde pública com consequências devastadoras no seio familiar. A questão essencial da morte é a sua razão. O seu humano é ávido em respostas quando há um fim e nestes casos poucos sabem a motivação de alguém que cometeu o suicídio. A revolta da ausência de razões e motivos dá lugar à dúvida e tudo se questiona.
O combate a este flagelo também passa por nós. Pela atenção que devemos dar aos outros porque às vezes é só preciso ouvir. Às vezes corremos e não sabemos muito bem para onde e porquê e depois somos surpreendidos pela notícia e perguntamos porquê. Mas perguntamos depois e a questão é tão somente esta: O que fizemos antes ?
Antes poderiamos estar mais atentos aos sinais, deste o isolamento, mudanças comportamentais e tantos outros.

Podemos e devemos olhar para os outros devagar e não a correr como se fôssemos atrasados para o emprego. Devemos , e temos que o fazer, saber ouvir e ter tempo para estender a mão. Não somos profissionais de saúde é certo mas somos humanos e temos a consciência que não podemos abandonar o outro e com a nossa ajuda e sentido se responsabilidade social podemos levar alguém ao caminho certo.
Quantas vezes aquele que comete suicídio foi abandonado? Quantas vezes foi ouvido ? Podemos estar atentos, podemos ser mais humanos, podemos olhar com a alma e ajudar. Mas para isso é preciso estarmos atentos aos outros em especial aos que  nos rodeiam e que fazem parte de nós.  

Não custa nada às vezes perguntar se está tudo bem. Não custa nada às vezes fazer um telefonema a alguém. Pode ser que a partir daqui se salve uma vida. Nunca se sabe. 

O fenómeno Racismo

Setembro 09, 2020

Sérgio Guerreiro

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Aplicar-se-á o racismo apenas aos indivíduos de raça negra, praticados pelos indivíduos de raça branca?

       

 

George Floyd foi morto pela polícia em Minneapolis nos EUA, em maio deste ano e várias foram as questões levantadas, nomeadamente quanto ao uso excessivo da força perante um civil desarmado e quanto ao facto de se tratar de um civil de raça negra, portanto uma questão aqui neste último ponto de racismo. 

As manifestações foram sentidas e ouvidas pelos quatro cantos do mundo mostrando assim indignação pelo sucedido, essencialmente porque o detido era de raça negra e os agentes que fizeram a detenção, de forma violenta, eram de raça branca. (Entenda-se racismo por discriminação de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos em função da sua raça). Na minha opinião e nos dias que correm já nem a questão se devia colocar, pois vivemos no sociedade evoluída, ou que se aclama evoluída, e há que valorizar o Ser Humano enquanto SER e enquanto PESSOA, e não pela raça. E portanto faz para mim sentido que atuações que tenham por base o racismo sejam punidas. 

No entanto o que me choca é o facto de só se ouvir falar de racismo quando atos suscetíveis de tal qualificação são praticados pela “maioria” à “minoria”, e quando o inverso ocorre, nada acontece, levantando assim a questão do mediatismo político e do oportunismo jornalístico em relação ao tema e em muitos outros temas. Vive-se de aparências, do querer agradar, cativar o voto, audiências e o que na verdade importa é a JUSTIÇA igual para igual e muito pouco ou nada se pensa e se atua.

Ainda nos EUA e volvidos 4 meses após o caso de George Floyd, um homem negro tirou inadvertidamente a vida uma criança de 5 anos, branca, porque no auge daquela idade aquela criança fazia o que nesta idade uma criança DEVE fazer: BRINCAVA, brincava com a sua bicicleta no seu quintal. No entanto, aqui parece já não haver necessidade de manifestações perante tal ato. 

Aplicar-se-á o racismo apenas aos indivíduos de raça negra, praticados pelos indivíduos de raça branca?  Deve todo e qualquer ato de racismo, independentemente de quem o pratique ser investigado, punido e tratado de igual forma.

Eu digo NÃO ao racismo, ao racismo presente na definição. O racismo na sua verdadeira definição abrange todo e qualquer tipo de ato. O racismo de que hoje se houve falar, que tanto se badala, esse das “maiorias” sobre as “minorias” é na minha opinião um racismo histérico, sem interesse, um racismo de “fachada”.

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