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Melhor Política

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A inconcebível e terrível desumanidade no Hospital de Loures.

Outubro 29, 2023

Sérgio Guerreiro

A falência do país é nítida, notória e grave. Assistimos todos os dias a um constante atentado ao Estado de Direito e ao Estado Social . Portugal falha em todas em frentes. Uma mulher de 32 anos, grávida de oito meses, soube na passada terça-feira, numa consulta no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, que a bebé estava morta e teria de remover o feto. Foi enviada para casa nesse e no dia seguinte por falta de vagas.

A Tânia, foi mais uma vítima da falência do País e do ministro da tutela, nem uma palavra.

 

A inimaginável história desta nossa compatriota, deve fazer-nos refletir.

Não somente aos órgãos competentes e executivos mas também a cada um de nós na medida em que hoje, com a falência total no nosso Estado Social, o que tristemente aconteceu à Tânia Dias pode perfeitamente acontecer a qualquer mulher grávida deste país.

Portugal, trata-nos mal. As instituições e os serviços aos quais recorremos quando deles precisamos, para além da sua escassez material, estão desumanizadas.

O caso da Tânia não é, creio, só um caso de falta de recursos ou de vagas, tem contornos de falta de capacidade humana para se perceber que uma mãe nas condições análogas à Tânia Dias não poderia ir para casa com a sua bebé morta dentro dela. Estará assim em jogo não só a sua saúde física mas também, e muito importante a sua saúde mental.

Toda esta história, torna este país indigno. Um país que maltrata as grávidas como se não fosse preciso fazer crescer o índice de natalidade é um país que não serve o seu desígnio.

Estamos a viver tempos estranhos.

É urgente parar para pensar e reflectir na sociedade que estamos a destruir em que todos se estão a borrifar para todos.

Atingimos os limites da razoabilidade social. E o mais grave, é que  assistimos s  isto “serenamente” como se tudo fosse normal e aceitável dento do âmbito da esfera pública dos serviços. Não o é em lado nenhum.

É indigno ler a história desta jovem que quis ser mãe, mas enquanto o destino lhe trocou as voltas à vida, o hospital de Loures trocou o mais básico princípio humano - o respeito pela dor de uma mãe - por uma incompreensível e desumana  atitude.

Enquanto é tempo não será necessário existirem mais vítimas mas isso só acontecerá  quando a consciência daquele que manda, que analisa e que toma decisões, se tornar mais compreensível, mais humanista e parar por um segundo apenas para pensar na dor dos outros.

 

Com tudo isto fica uma simples pergunta:

 

Valerá a pena acreditar nos homens que hoje mandam ?

 

 

Liberdade sempre, Lula nunca mais.

Abril 17, 2023

Sérgio Guerreiro

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A porta da nossa democracia foi aberta em Abril de 1974. Já em Novembro de 1975, tudo se confirmou. Embora esteja instituído em Portugal uma maior importância em comemorar Abril, a nossa liberdade democrática pauta-se também pelo respeito à soberania de um povo e do seu território.

Portugal, convidou para estar presente nas comemorações da implantação da nossa democracia, o Presidente da República do Brasil que tem dado a conhecer ao mundo a sua clara posição no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Lula da Silva é directo nas afirmações. Afirmações essas, que são de tal forma objectivas como assustadoras. Para o Presidente do Brasil, a Europa e os Estados Unidos são os culpados por se manter esta guerra. Por certo o Partido Comunista Português não contaria com tamanho aliado político.

O significado político da nossa liberdade e o seu verdadeiro desígnio, não são de modo algum compatíveis com a ideologia do convidado. Portugal, fazendo parte de toda a Europa que se tem unido contra a política da invasão Russa ao território Ucraniano, de forma clara, Lula ataca também a posição que Portugal assumiu logo no início desde triste conflito.

Tudo isto é simples: ou se é a favor de um povo que foi barbaramente invadido, lutando de forma inequívoca pela sua liberdade, ou se está ao lado de um criminoso de guerra. Não há volta dar a isto. Por outras palavras, para Lula, quem apoia a Ucrânia é um dos grandes culpado da manutenção da guerra.

Trazer alguém para falar no nosso dia da liberdade e que tem este pensamento político, é totalmente contrário a tudo aquilo pelo qual devemos continuar a lutar.

A simbologia do 25 de Abril,tal como foi a do 25 de Novembro, com Lula na nossa casa da democracia, não é só um contra-senso, é sem dúvida alguma um atentado a todos portugueses que prezam e lutam pela liberdade. É igualmente constrangedor não ouvir nenhum responsável político da nossa governação insurgir-se contra as declarações do Presidente da República do Brasil.

Já no quadro político nacional e europeu, Portugal ainda não se demarcou verdadeiramente e de forma veemente das posições de Lula, e dentro do contexto das comemorações da nossa liberdade exigia-se uma posição clara de condenação às conhecidas afirmações de Lula da Silva.

Importa reflectir na nossa imagem externa  e em como seremos vistos por todos aqueles que juntamente com Portugal, apoiam a Ucrânia quando se permite que alguém venha comemorar a democracia e a liberdade, mas que é contra toda a ajuda que possa ser dada a um país que foi brutalmente invadido pondo em causa a sua soberania.

Um aliado de Putin, não pode ter lugar na nossa casa da liberdade. Tendo, como está previsto, discursar como convidado nas comemorações de Abril, estas ficaram para sempre manchadas, e a nossa história democrática não se pode vergar a tamanha falta de consideração.

Não nos podemos esquecer que o nosso mais alto representante da nação, atribuiu ao líder da Ucrânia, a Ordem da Liberdade, quando este discursou no Parlamento Português por videoconferência.

O nosso 25 de Abril, representa tudo aquilo que o convidado Lula não acolhe no seu pensamento político e ideológico sobre o que pode significar a defesa de um povo e a ajuda Europeia que é dada, pela luta do direito à sua soberania.

 

Aos dias de hoje, a pergunta que se deverá fazer é saber porquê não convidar Putin ?

A greve da CP é extremamente desagradável

Março 08, 2023

Sérgio Guerreiro

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Suprimido. É palavra que mais se lê nos placares das várias estações de comboio espalhadas pelo país. Todas as greves têm uma simples tradução: prejuízo para quem utiliza os serviços públicos.

 

No caso da CP, há milhares de portugueses, trabalhadores e estudantes, que estão privados da sua normal vida. Sem alternativas, muitos estão limitados à decisão dos serviços mínimos a aplicar quando são aplicados.

A greve é de facto um direito constitucional como também o é, poder ir trabalhar ou estudar e são aqueles que menos recursos possuem que mais precisam de utilizar os serviços públicos de transporte.

 

Como ninguém se entende, como já habitual, no que concerne às negociações salariais, então os sindicatos aplicam a mais gravosa das medidas.

O que está em causa, é um serviço público que todos nós temos o direito de usar, e esta sistemática posição por parte dos sindicatos deixa adivinhar um desrespeito absoluto por todos os Portugueses.

 

Não sendo valorizado a enorme perda social que uma greve desta natureza acarreta, os sindicalistas por detrás de tudo isto com respaldo da política, perdem a respeitabilidade que merecem.

Os milhares de portugueses, que são as verdadeiras vítimas disto tudo, perante a impossibilidade, totalmente injusta de também verem os seus direitos assegurados, têm hoje a a sua vida virada de pernas para o ar e perdem legitimidade todo o respeito pela luta.

A forma como hoje o sindicalismo opta por    fazer valer os direitos dos trabalhadores, terá que forçosamente ser menos radical e o menos gravosa possível.

 

O que deve imperar numa greve, é o bom senso e a responsabilidade na tentativa de mostrar aos utentes dos serviços públicos algum respeito,  na medida em que há direitos fundamentais que de certa forma entram em rota de colisão.

Como atrás se referiu, há o direito ao trabalho e o direito à educação.

É tempo de se repensar a forma como as lutas dos trabalhadores do serviço público de transportes são realizadas e tudo o que elas podem representar na sociedade portuguesa, seja pela perca de valor da própria empresa com custos futuros para todos nós, seja pela impossibilidade de muitos se deslocarem para o emprego , para as escolas e universidades.

 

Há consequências directas nesta forma de actuação, e a duração da greve da CP, que já vai longa, é demasiado gravosa para se manter como até aqui.

O comboio que teima em não passar, resulta de um erro: da falta de equilíbrio entre direitos fundamentais de todos e do bom senso, elementos essenciais para que seja realizada uma greve com respeito por todos.

Em suma: com toda a consideração por todos aqueles que lutam por melhores salários e outros benefícios que poucos cidadãos portugueses têm, respeitem pelos menos quem precisa de ir trabalhar e de ir estudar.

 

A vítima não “ prescreve”

Fevereiro 13, 2023

Sérgio Guerreiro

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A cada relato de testemunho que se ouvia, era como se levasse um forte murro no estômago. Parecia por vezes querer cair uma lágrima naquele que narrava cada episódio de violência que fora praticado, mas o objectivo e o foco, era outro.

O certo, é que se sentia deste lado, do lado de quem acompanhava em direito ao inassimilável, a voz trémula que verbaliza cada dura palavra.

O objectivo é perceber a dimensão do trabalho que Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, que começou a receber testemunhos em 11 de janeiro do ano passado, recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022.

Eu, que atentamente ouvia em directo através da rádio os relatos de alguns testemunhos, fiquei com aquela sensação que a sala da Fundação Calouste Gulbenkian parecia tremer pela violência com que se descrevia, com o máximo de rigor e detalhe possível, a forma como decorria os abusos sexuais cometidos na sua larga maioria por padres.

 

Os abusos sexuais, que a lei penal considera prescrito quando a vítima faz 23 anos terá, após este horrendo filme que é notícia internacional, tem que ser revestida. A Comissão entende que a prescrição deve ser considerada até a vítima perfazer os 30 anos de idade. Tenha uma qualquer vítima de abuso sexual a idade que tiver, ela será a única que nunca “ prescreve”.

 

Mas e agora?

 

Agora é tempo da igreja mostrar na verdade que não se fica por um mero pedido de perdão, esperando que em agosto aquando das Jornadas Mundiais da Juventude, através do Papa Francisco, o tema não seja esquecido.

Aos abusadores ainda no activo, tanto pela lei civil como canónica, que sejam o quão rápido possível, responsabilizados.

Se na maioria dos crimes, judicialmente nada se pode fazer na medida em se aplica a prescrição, eticamente a igreja como principal fonte de moral, não poderá mais fechar os olhos a tudo isto que fomos nestes últimos tempos sabendo.

Se outrora a posição fui esconder, a partir de agora a própria sociedade civil não deixará cair a questão no esquecimento.

A história de Portugal, ficou manchada, por nela ficar escrito a existência de tamanha crueldade, que por incrível que pareça, foi praticado na sua larga maioria por quem todos os dias apela à dignidade do ser humano e por um mundo melhor.

 

É revoltante, mas é a verdade, e se a verdade faz doer, ninguém poderá imaginar a dor de cada vítima que foi abusada pelos homens da igreja.

Alguns estão aí, ainda vivos e perto dos vossos filhos.

 

 

 

Educação: os alunos são o maior activo que um país pode ter.

Janeiro 18, 2023

Sérgio Guerreiro

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Há uma tradução objetiva que deve ser aplicada a esta greve dos professores: os alunos não têm aulas.

Numa sociedade global e altamente competitiva, a educação é um pilar demasiado importante para que a sistemática luta, com toda legitimidade, dos professores não seja resolvida de uma vez.

 

Quem perde, é o país.

 

Não pode uma nação perder mais tempo na medida em que vai deixando para trás a possibilidade de os nossos alunos estarem cada vez mais longe de poderem competir com outros de estados que mantêm a estabilidade neste tão importante sector para o desenvolvimento social e económico de uma qualquer nação.

O tempo é escasso, as matérias que não  são dadas não são aprendidas e o calendário, esse não perdoa.

Como podem assim os nossos alunos mostrar que são tão bons ou melhores que os outros?  Não podem porque não os deixam provar a sua qualidade.

 

Em todas as greves há um outro lado.

Se não temos comboios, os utentes sofrem a consequência e terão que arranjar uma alternativa.

Se não há médicos, ficam consultas por fazer, mas se não há educação, se não há aprendizagem, é o país inteiro que a longo prazo sofre.

 

As diversas questões que estão em cima, e seu prolongamento no tempo, direi mesmo, questões de décadas por resolver relembrando que a paixão política de António Guterres era a educação, dão-nos a terrível sensação da inexplicável despreocupação de quem nos governou e de quem nos governa a este tema.

Quando por outro lado, se invoca a ilegalidade da greve dos professores, também devemos questionar se há intenção de resolver a questão, ou se com isto se pretende intimar uma classe primordial no desenvolvimento do país.

Com isto, refiro-me à forma como a tutela está a lidar com esta preocupante situação. Por alguma razão, a palavra de ordem que mais se ouve nesta manifestação é , respeito.

Qualquer governante a braços com a revolta no sector na qual aplica as suas políticas e quando utiliza mecanismos que de alguma forma são inadequados e porque não dizê-lo, intimidatórios, isto significa que está a não querer contribuir para a solução.

Pondo mais lenha nesta fogueira que já arde há demasiado tempo, agudiza a problemática escudando-se a abrir a porta na procura de respostas, contribuindo para uma questão acessória que é imoralmente aceitável. Transferir o ónus dos incómodos desta greve nas famílias para professores fazendo deles o bode expiatório, é de facto pouco ético.

 

Há que perceber os riscos a longo prazo com a situação na qual os professores se deparam, caso contrário, é o país que paga mais uma pesada factura.

Sabemos que ninguém quer ir para professor, da mesma forma que poucos são os médicos que querem em exclusivo trabalhar no serviço nacional de saúde.

Também sabemos que grande parte dos jovens pensam em sair do país. E as razões tem um ponto comum: a falta de motivação e de condições financeiras que o país não consegue dar.

 

Estamos à beira do colapso, e na rua já sente a revolta.

A educação é um pilar essencial e olhar para ele de lado pondo mais uma vez as problemas do sector debaixo do tapete, é passar já um atestado de óbito ao país.

 

Os alunos hoje são o maior activo que o país ainda tem, e o que neste momento estão a fazer aos professores, é abandonar claramente todos aqueles que hoje querem aprender.

Quando um Estado de Direito Democrático abandona o serviço público de educação, então é melhor declarar já a insolvência do país.

O que mudaria na nossa história se mudassem o nosso hino? Exacto, nada.

Janeiro 10, 2023

Sérgio Guerreiro

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Há por aí um conjunto de vozes que têm vindo a público sugerir que se altere o nosso hino nacional. Um dos apologistas de uma nova versão de A Portuguesa vem pela voz do cantor Dino D’ Santiago.

O cantor cabo-verdiano de 41 anos de idade propôs alterações ao Hino Nacional: "Já é tempo de termos um hino menos bélico, que incentive menos às guerras, não gritemos mais ‘às armas, às armas’, não lutemos mais contra canhões, não marchemos mais contra canhões".

 

Aceito, a ideia, mas fiquemos por aí mesmo.

Toda a composição do nosso hino que deve ser visto com um dos poucos símbolos nacionais, quer a nível musical quer a nível poética não tem qualquer mensagem que apele à violência. Há no entanto um inegável contexto enquadramento histórico.

 

Creio, que não há nenhuma nação com um dos seus maiores símbolos, como é o hino nacional, que na sua letra apele à violência.

O estado dos dias e da intervenção social e política do momento que se atravessa, mais ou menos exagerada no discurso, não é culpa do hino.

Se é factual que devemos deixar aos nossos sucessores um país melhor, mais humano e mais desenvolvido, então que não se apague a nossa história. É dela e só dela, que se poderá com verdade um revistar o passado, aquilo que já fomos para saibamos l que não queremos voltar a ser e aquilo que também já conquistamos e que gostaríamos de novo alcançar.

A história desta nação que nasce em 1143 está repleta de factos que não devem jamais ser ignorados. Factos esses, que mesmo que nos envergonhem não os devemos esquecer, da mesma forma que possuindo um vasto património de memória em conquistas as devemos sempre ter ao peito.

 

Esquecer e apagar a história, alterar os seus factos e os seus feitos, é apagar uma nação inteira , e mudar o hino não tornará nada melhor. Quem muda a nação, são os homens e as mulheres providos de ética e de moral.

Nada muda, mudando o hino, nem a nossa história.

 

Os canhões esses devem sempre estar prontos e apontados para se quem destrói a construção de uma sociedade mais justa, mais nobre e o mais igualitária possível.

Marchar sempre, contra a corrupção e que mina a democracia e as instituições alimentando cada vez mais e forma galopante os extremos.

Marchar sempre, contra as políticas que levam o país a ficar cada vez perdido, sem rumo e cada mais pobre, afastando-se dos seus parceiros europeus.

 

É apontado esses os canhões da glória que nos deixarem e marchando contra o estado a que isto chegou que se alcança a paz e a liberdade.

 

Deixemo-nos então de questões acessórias que não acrescentam nada à resolução dos nossos problemas e passemos ao realmente que interessa que certamente não é alterar o nosso hino.

O natal: a verdadeira época da hipocrisia humana

Dezembro 21, 2022

Sérgio Guerreiro

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Se há uma época do ano em que se mostra o verdadeiro significado de hipocrisia, a que está a chegar é sem sobra de dúvidas uma delas.

O Natal, que ao longo dos tempos tornou-se uma época totalmente mercantilizada a sua tónica passou a ser o consumismo desenfreado.

 

Esta época, nada mais é que uma mera organização e planeamento de uma festa com o pretexto de reunir a família como se fosse necessário a existência de um calendário de parede, ou mesmo de um lembrete no telefone, para que sejamos recordados da data para o efeito, fazendo parecer que para tudo isto há um prazo.

 

Talvez dizer-se que não se gosta do Natal, possa ser sinal de que não se está bem ou que a família é um elo secundário na vida de quem não gosta desta época.

No entanto, e como acontece na maioria das épocas que são assinaladas pela sociedade em que o marketing diz de imediato presente, o natal é nada mais nada menos que uma simples data inventada pelo mundo católico que nos quer fazer acreditar que no dia 25 de dezembro nasceu um menino de nome Jesus que é o salvador do mundo, da mesma forma que inventou que a sua mãe , uma tal de nossa senhora qualquer, parece ter concebido sem “ pecado”.

Ou seja, a tal senhora que pariu o seu filho, o tal Jesus, parece que não teve qualquer contacto sexual com o seu cônjuge / companheiro da altura, nem com qualquer outro homem. Segundo reza a “ lenda”, a senhora engravidou sim mas permaneceu sempre virgem e foi o anjo Gabriel que lhe veio anunciar a boa nova.

Teria sido um tal de “ Espírito Santo” o culpado por ter engravidado a senhora sem sequer lhe tocar com um dedo que fosse segundo as suas alegações. Já naquela época a  família “ Espírito Santo” teria má fama, que com o passar dos séculos se foi provando. Não só a fama mas também o proveito. Portanto, parece ser claro que Maria, a tal mãe de Jesus, traiu José, o companheiro da época. A coisa ter-se-ia complicado quando ele descobriu a “ traição”, mas o “ Espírito Santo” veio e explicou tudo numa espécie de comissão de inquérito que se fazia na altura para casos assim como este. José acreditou no “ milagre” e a opinião pública da altura também, até aos dias de hoje.

 

Há conta de tudo isto e em nome da fé, lá vai caindo chorudas quantias de dinheiro nas contas bancárias de alguém.

 

Com o devido respeito por quem acredita  no simbolismo religioso da data, o que devemos essencialmente de gostar e de desejar é a não existência de pretexto algum para ligar a alguém ou reunir ais amigos e a família à volta de bom arroz de polvo.

Este natal, a forma como a data está convencionada nossa da sociedade, não nos devia servir para nada nem para reflexão nenhuma enquanto seres dotados de humanidade, porque nenhum de nós deveria precisar verdadeiramente do natal para nada.

A questão de fundo é então perceber porque razão alguém ainda precisa do natal para se humanizar, para ser solidário ou mesmo para sentir compaixão pelo outro. É aqui que tudo está mal.

 

O natal tornou-se um vício anual onde a solidariedade parece ser uma obrigação moral. As palavras de conforto aos outros vão passando de dezembro em dezembro onde por vezes o que sentimos e o que vimos, não é o amor nem celebração alguma. No fim de contas, quem está sentado ao nosso lado é somente o cinismo porque no natal tem que ser assim.

É talvez a época do ano em que tudo é excessivo. A comida, as pessoas a correr pelos corredores dos centros comerciais, o excesso de trânsito e de greves e por aí adiante.

Aceito que tudo aquilo que digo e penso sobre esta tão farsante data possa ferir aqueles que fazem do natal uma grande festa da família, e dizer que não gosto mesmo nada do natal possa ser visto como um grande pecado, mas o que na verdade me importa é gostar de pessoas todos os dias e de estar com elas sem calendários e sem lembretes.

 

Desculpem-me a franqueza, mas isto faz-me lembrar um pouco o dia dos namorados, em que para muitos e muitas; o almoço é com a/o amante e o jantar é com a/o legítimo/a. Em suma: isto é tudo uma farsa sem jeito nenhum.

No dia 26 de dezembro tudo continua igual e nada mudou, quando na verdade o que é necessário é mesmo fazer com que tudo mude. Que se acabe com este Natal.

 

Saber que há pobreza já é revoltante, mas vê-la de tão perto ainda é mais.

Outubro 30, 2022

Sérgio Guerreiro

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Hipermercado, sábado , 11.30.

Pacientemente esperava pela minha vez no posto da caixa 3 de um hipermercado. Dentro do pequeno carro de compras que me acompanhava, continha meia dúzia de coisas. Mesmo à minha frente, um casal,  aparentemente jovem, fazia passar as suas compras por aquele apito infernal da caixa que, apesar da hora já tardia, confesso que me irrita sempre seja a que horas for.

O casal, também não carregava no seu carro de compras muita coisa, o que me aliviou de certa forma criando a certeza que depressa sairia dali. Não gosto de ir às compras, irrita-me e não tenho paciência nenhuma para isto.

Enquanto via a passagem das compras do casal  a fazer a viagem entre o carro e a caixa 3, depressa ia ajeitando as minhas para as colocar naquela espécie de tapete rolante que volta e meia baralha o nosso saco de cenouras com as cebolas do “ vizinho “.

Chegou o momento do jovem casal pagar a sua conta. Não me apercebo do valor mas  fiquei com a percepção que algo de estranho estaria a acontecer. Estava tudo muito demorado e a minha esperança de sair dali tão rapidamente como entrei, estava a atormentar o meu estado de espírito já de si bastante inquieto.

Depressa, não procurando razões para sentir tal demora, dei comigo a olhar para aquele jovem casal a devolver alguns bens ao carro.

Foi aí que o tempo parou, o meu coração acelerou enquanto uma pequena lágrima transparente escorria pela cara da jovem rapariga que não conseguiu conter a vergonha. Foi naquele momento que me arrepiei, que pensei que também poderia ser eu ali, a ter que devolver compras básicas. Foi naquele momento, que senti o mundo a cair em cima de mim.

Poucos se teriam apercebido disto. Talvez só eu e a senhora da caixa 3 que pela seu frieza e forma de actuar já estaria habituada a tantas histórias iguais a esta. Mas eu não estava  preparado para ver isto.

O seu companheiro, que lhe segredou umas palavras, supondo eu de conforto, continuou a devolver ao carro mais alguns produtos, até que a conta final estivesse de acordo com a carteira do jovem casal.

 

Não me recordo de assistir a algo tão doloroso, tão forte e tão difícil de ver.

O que eu temia e o que me encheu de vergonha, hoje também me fez chorar.

Não me recordo de gostar de ir compras, e afinal, alguma razão me assiste.

Hoje, pode ser doloroso ir só comprar meia dúzia de coisas, não só porque o preço dos bens essenciais aumentou exponencialmente, mas porque também nos pode partir o coração.

Adriano Moreira: um século de vida de um grande humanista.

Outubro 23, 2022

Sérgio Guerreiro

 

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A história de Adriano Moreira, confunde-se com o tempo. Tão longo, que um século de vida tão cheia atravessou o estado novo até ao nascer da democracia.

Adriano Moreira, que chegou a permanecer preso no Aljube na mesma cela que Mario Soares mas por razões diversas, era de facto um pensador. Um pensador que dedicou grande parte da vida à vida pública.

Enquanto ministro do ultramar de Salazar, nomeado já depois guerra ter começado, o Presidente do conselho, “opina” a Adriano Moreira, para que este altere a sua política em relação a África, pelas reformas por ele levadas a cabo. A sua convicção é acompanhada pela sua demissão quando diz a Salazar: “ Vossa
excelência acaba de perder um ministro"

A história do ultramar poderia de facto  ser outra.

 

Sempre ligado à academia , o Professor Adriano Moreira, talvez seja dos homens mais respeitados na vida política nacional e internacional apesar do seu percurso político ter passado pelo regime ditatorial.

Mas apesar de tudo, disso há que reconhecer a este homem, o excecional percurso de vida a favor da democracia e do país quando em 1980, regressado do exílio do Brasil, entrando para a vida política como candidato a deputado nas listas da Aliança Democrática. Lidera o CDS , entre 1986 e 1988, e continuou deputado até 1995.

O discurso social trazido por Adriano Moreira à vida política nacional, era revelador de uma grande dose de humanismo, que hoje,  está cada vez mais a ser esquecida na poltrona da política e do poder.
Adriano Moreira foi portador de um dom: de nos fazer reflectir e pensar, como a política poderia unir a sua  nação e o seu povo. 

Adriano José Alves Moreira nasceu em Grijó, Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, em 6 de Setembro de 1922 e deixa-nos a 23 de Outubro de 2023, não só um legado histórico como também a certeza que Portugal jamais terá um político como Adriano Moreira, o que tanta faz nos faz.

0s 125€, a pobreza e a caça ao voto.

Outubro 22, 2022

Sérgio Guerreiro

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Tem sido apanágio do socialismo, criar no povo que sustenta o estado, uma cada vez maior dependência. As notícias que circulam sobre a pobreza em Portugal não são animadoras. Hoje, o nosso país é o 13.mais pobre da Europa onde cerca de 4,4 milhões de pessoas vive com um rendimento muito abaixo do salário mínimo nacional.

Não podemos ficar insensíveis quando nos apercebermos que há cada vez mais pobreza e as famílias mais cadenciadas e é de baixos rendimentos estão de facto com mais dificuldades de dia para dia. Os furtos dos alimentos de primeira necessidade nas grandes superfícies comerciais, são um sinal que a todos  não deve alarmar. Das causas,  já todos sabemos as razões, mas é preciso perguntar se o caminho que está a ser seguido, não poderia ser outro.

Quando um país quase pára, fazendo cair o acesso às Apps de entidades bancárias para se certificarem se os tais 125€ já entraram na conta bancária, é de sentir um aperto no coração de tal ordem que nos leva a pensar o quão pobres estamos e a falta que faz 4,03 € / dia.

O que devemos discutir, não é o facto do regozijo socialista em conseguir “ dar”125€ mas sim, porque razão chegamos até aqui, ao fim da linha.

 

Se chegamos até aqui, então só haverá uma razão. É necessário chegar a uma tal meta de mísera, para depois poder acenar com a bandeira do socialismo e dos apoios sociais até porque as famílias estão primeiro.  Porém, é -lhes negado um verdadeiro alívio fiscal em impostos que todos os meses traria de facto mais dinheiro disponível na sua conta. Era um imperativo orçamental, fazer diminuir as taxas de retenção em IRS numa proporção significativamente adequada às famílias para fazer face à conjuntura que se atravessa acompanhando também a redução de IVA nos produtos de cabaz de alimentos.

Dirão alguns : e a perca fiscal desta receita? Dirão outros: e a redução da despesa pública foi estudada?

Aliás, se o limite ao déficit orçamental está suspenso pela EU, algum racional existirá. Se temos para 2023 um Orçamento de Estado, onde a grande vitória é as contas certas e a diminuição do dívida pública , é preciso não esquecer de dizer  quem a pagou. O encaixe fiscal provindo da inflação, foi pago por todos nós,  e por é essa razão que sempre se diz que a inflação é de facto um imposto e é indireto, chega a todos e toca a todos. A uns mais que outros.

 

No entanto a táctica é a do costume: empobrecer um país ao máximo, para depois dizer que se deu alguma coisa até porque os outros nunca deram nada.

A táctica é a do costume: caçar o máximo de votos possível e enterrar 3,2 mil milhões na TAP.

E o povo ? 4,4 milhões de portugueses com rendimento abaixo de 554€ mensais talvez não seja um número muito significativo, mas de facto é engraçado saber que quando isto está a correr mesmo mal ninguém votou em António Costa parecendo que os socialistas ganharam as eleições com maioria absoluta por obra e graça do Espírito Santo.

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